quinta-feira, novembro 09, 2006

Para um maratonista a mente é tudo


Recebi este e-mail e achei sensacional:

Para maratonistas, a mente é tudo**Christopher Clarey**em Boston*

Apesar de todas as inovações tecnológicas que apimentaram a cobertura da televisão esportiva, desde o replay instantâneo até a câmera nocapacete, nenhum maníaco por tecnologia criou um microfone para a mente.Tal aparelho seria particularmente útil para a maratona. O esporte está se aproximando do final da temporada com a grande corrida na cidade deNova York no domingo (05/11) e competições significativas no Japão naspróximas semanas. A maratona é um desafio clássico, cujo conceito e aura são freqüentemente mais atraentes do que a realidade: oscorredores se apertam na largada e depois ficam correndo porquilômetros sem fim.Imagine, porém, como seria muito mais interessante se pudéssemos ouvir o diálogo interno dos principais corredores, como Deena Kastor ou Paul Tergat, por trás de seus rostos sem expressão. A maratona dá aospraticantes um tempo muito maior para pensar do que os eventosesportivos em geral. "Acho que, em nosso nível, 90% é o cérebro; o corpo realmente não é nada. Você pode ter muitas conversas malucasconsigo mesmo", disse em entrevista telefônica Lídia Simon, ex-campeãmundial e medalha de prata olímpica da România.De acordo com Simon e seus colegas, há várias formas de ludibriar a mente que ajudam a resistir quando a dor começa. Uma delas é usar olado direito do cérebro, criativo, contra o lado esquerdo lógico docérebro, que insiste que você pare com essa maluquice. O lado direitopode criar distrações inteligentes, como imaginar que o corredor suadoque está vários metros a sua frente é um imenso imã puxando você.Jeff Galloway, ex-corredor mundial de distância que virou autor, certavez escreveu que coletava "vários milhões de moléculas de oxigênio" nanoite anterior a uma maratona e armazenava-as em um saco plástico desanduíche, que ele prendia ao short.Durante os últimos estágios da corrida, quando a dificuldade física começava, ele abria o saco aparentemente vazio e espremia na frente daboca. "Um ou duas baforadas duravam 100 ou 200 metros", escreveu,acrescentando que se maravilhava com a expressão de seus rivais. Kastor, uma das favoritas em Nova York depois de vencer em Londres emabril, é mais inclinada a usar mantras nos últimos estágios da corrida.Nas Olimpíadas de 2004, em Atenas, onde ela surpreendeu vencendo uma medalha de prata, ela repetia "momentum" para si no calor."Minha estratégia de corrida era começar devagar e terminar forte; euqueria que o momentum continuasse crescendo", disse ela. "Parecem palavras triviais, mas quando você treina com elas, parece que aassociação torna-as muito mais poderosas."No ano passado, logo antes da maratona de Chicago, seu treinador,Terrence Mahon, deu-lhe um cartão para ler: "Hoje, você precisa se definir como maratonista.""Esse foi meu mantra: 'Defina-se'", disse Kastor. "Quase perdi minhadefinição nos últimos quilômetros."Ela persistiu e terminou vencendo pela primeira vez e será uma das favoritas em Nova York pela primeira vez, onde chega com uma música deMadonna, "I Love New York", como arma. "Uma das frases da música é: 'Sevocê não agüenta o calor, então saia da minha rua'", disse ela. "Esse tem sido meu mantra desta vez: ser dona da rua, poder próprio.Simplesmente traz de volta o calor do treinamento, o esforço com osparceiros de treino e a batida da música saindo do carro que vinha atrásde nós trazendo fluidos. Traz de volta a lembrança de quanto trabalho entra nisso."Paula Radcliffe, campeã mundial e detentora do recorde feminino queestá de licença maternidade e deve parir em janeiro, algumas vezesrecorre à matemática mais básica para manter sua mente no presente e livre de negatividades. Ela sabe que, se contar até 100 lentamente trêsvezes, terá corrido uma milha, ou 1,6 km."Isso faz minha mente parar de pensar que tenho mais 10 km ou seja lá oque for", disse certa vez ao The Times of London. Essa abordagem simples pode ser surpreendente para corredores amadores,convencidos de que os profissionais também são superiores em táticas psicológicas. Nicholas Thurlow, 41, amador americano que recentemente completou sua 13ª maratona, vê-se contando os passos nos últimosestágios das maratonas, chegando até 500 e repetindo seu própriomantra, transmitido pelo irmão: "A dor é inevitável; o sofrimento éopcional." "Essas palavras sempre me fizeram continuar", disse Thurlow.Maratonistas de elite, como Stephen Kogora, queniano que vai participarda corrida em Nova York, são mais inclinados a raciocinar consigo mesmos em vez de se distraírem quando a "parede" do corredor aparece."Penso no treinamento, nas horas que corri", disse Kiogora. "Lembro decasa e quando faço isso me esforço muito. Mas o que tento me dizer quando sinto muita dor é que os outros estão sentindo o mesmo, entãotenho que me segurar a esperar para ver. Se você se sentir sozinho láfora, talvez desanime, mas se você pensar nos outros sentindo o mesmo, ajuda." A maior parte dos maratonistas quebra os 42 km de corrida empedaços menos assustadores. Simon pensa em 5 km por vez."Se vejo desde o início que tenho que ser forte para 40, é difícildemais", disse ela.O maratonista japonês Kenji Kimihara, quando estava se sentindopressionado nas Olimpíadas do México em 1968, passou a pensar apenas emchegar até o próximo poste. Quando conseguia isso, procurava ver o próximo e depois o outro até acabar com a medalha de prata.Outros usam o que vêem ao longo do caminho. Joan Benoit Samuelson venceu a primeira maratona olímpica feminina em 1984 em Los Angeles.Ela se lembra de, quando estava atravessando um trecho normalmente cheio da estrada bloqueada para a corrida, riu para si mesma pensandoque poderia dizer aos netos que um dia tinha corrido sozinha na LosAngeles freeway.Alguns ultra-maratonistas, a raça pós-moderna que faz distâncias de até 560 km em uma única sessão sem dormir, vêem coisas que nem existem.Dean Karnazes diz que, durante a edição de 2004 de uma corrida de 217km no Vale da Morte na Califórnia, ele viu um velho mineiro cruzando a estrada com uma panela de ouro na mão, pedindo água.Era uma alucinação. Karnazes teve ampla oportunidade de deixar suamente vagar nos últimos dois meses quando embarcou em uma tentativa decorrer 50 maratonas em 50 dias consecutivos em 50 Estados. Na manhã de sexta-feira, ele tinha completado 47 das 50 e planejava terminar sua turnê em Nova York no domingo.Karnazes de fato não parece ser desta terra, apesar de certamentecorrer sobre ela. Ele escreveu seu livro "Ultra Marathon Man" depois de levar um gravador aos treinos e capturar seus pensamentos entrerespirações.Kastor evita ditar durante seu treinamento, mas sonhou muito com amaratona de Nova York usando técnicas de visualização."Em meus 200 km de treinamento semanais, eu me via correndo no CentralPark com três meninas ou quatro, todas juntas se esforçando para vencer", disse ela. "Vai ser preciso persistência e entender que será uma luta; aceitar isso faz parte da batalha."Acatar a dor que vem com tal desafio parece ser uma opção melhor do quetentar se distrair dela. Qualquer que seja a estratégia, a parte maisintrigante do teste de persistência favorito do mundo não é como os corpos dos corredores permitem que terminem em quase duas horas, mascomo suas mentes os capacitam para isso.Agora, se os tecnólogos pudessem criar uma forma de ouvir essas mentestrabalhando

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